‘Se eu não tivesse me cuidado, minha história poderia ter sido outra’

No Outubro Rosa, coach da Craft, Gisele Gengo, conta como enfrentou o câncer de mama
‘Se eu não tivesse me cuidado, minha história poderia ter sido outra’

Em 2017, a coach da Craft, Gisele Gengo, entrou para as estatísticas. Foi uma das 66.000 brasileiras a receber o diagnóstico de tumor na mama naquele ano. A história de Gisele teve um desfecho positivo — como a psicologia que ela passou a aplicar na vida e no trabalho. Leia abaixo a entrevista com Gisele para saber mais sobre a sua experiência no combate ao câncer de mama.

 

Você enfrentou um câncer de mama há três anos. Como foi o processo, da descoberta ao tratamento? Eu descobri que estava com câncer em uma mamografia de rotina. Todos os anos, faço check-up ginecológico. Em julho de 2017, graças a uma mamografia, tive o diagnóstico precoce e, embora fosse um tipo de câncer um pouco agressivo, pude agir rapidamente. Em setembro, já fiz a cirurgia. Quando vem o diagnóstico, a primeira coisa que a gente pensa é, “Nossa, vou morrer”. A gente se depara com a brevitude da vida. Hoje, eu brinco que fiz um pacto com Deus, e estou aqui me cuidando, mantendo a cabeça bem, comendo direitinho, fazendo exercícios.

Você descobriu o câncer a tempo, graças a uma mamografia. Esse exame doloroso e odiado por muitas foi, então, o seu salvador? A mamografia é uma foto em preto e branco extremamente poderosa que pode salvar vidas. Salvou a minha e salva a de inúmeras mulheres, todos os anos. São 66.000 mulheres diagnosticadas com câncer de mama por ano, só no Brasil, e este é o exame mais preciso para a descoberta do tumor. Então, o que eu quero deixar como mensagem é: se cuidem, façam seus exames.

O diagnóstico precoce foi importante no seu caso? Sem dúvida. O câncer é uma doença que se espalha rápido. De julho a setembro, dos primeiros exames à cirurgia, um nódulo se multiplicou e se tornou três. Na verdade, eu não tenho certeza se eles já não estavam lá na mesma mama e apenas não eram visíveis, mas acho que, se eu não tivesse me cuidado, a história poderia ter sido diferente.

Você sempre praticou o autocuidado ou passou a ficar mais atenta depois do diagnóstico? Eu sempre pratiquei o autocuidado. Mesmo trabalhando bastante, mesmo tendo uma rotina desafiadora. Eu sempre dediquei tempo para a minha família e para a qualidade de vida. Qualidade de presença. E acho que foi graças a esse autocuidado que eu descobri o câncer precocemente.

Como você superou o impacto do diagnóstico? A minha forma de enfrentar o câncer foi transformada partir do momento em que aprendi mais sobre a doença. Procurei não entrar em pânico e me informar a respeito da doença e de mim mesma, do meu caso. Quando a gente conhece melhor a doença, o médico que está cuidando da gente, o hospital onde está se tratando, a gente vai se acomodando, se adaptando, se sentindo mais segura. O diagnóstico foi mesmo a fase mais desafiadora para mim. Eu já havia sido parente de paciente. Meus avós morreram de câncer, meu pai morreu de câncer, meu sobrinho morreu de câncer. Então, ao receber o diagnóstico, não tinha como não associar com a morte. Eu ressignifiquei tudo isso também durante a quimioterapia, ao conhecer gente que fazia tratamento paliativo, que é aquele para aliviar a fase final, quando não há mais esperança de cura. E percebi que, apesar do tratamento e apesar do câncer, há, na medida do possível, vida plena, vida feliz.

Você falou de ressignificação. Que mudanças o câncer proporcionou? Uma das decisões profissionais que eu tomei foi a de trabalhar quatro dias por semana recebendo pelo meu trabalho e dedicar um dia para um trabalho voluntário. Eu já atuava no Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). O câncer também me levou a usar a psicologia positiva, comigo e com as pessoas com quem trabalho. Eu busco e recomendo formas de recarregarmos a bateria, melhorarmos o diálogo e os relacionamentos. Dessa forma, aumentamos a nossa imunidade, e doenças oportunistas como o câncer têm maior dificuldade de surgir. Isso faz um sentido enorme para mim.